Jacques-Louis David, pintor oficial da corte francesa,
retratava acontecimentos do reino. O quadro A consagração do Imperador Napoleão I (1806-1807) levou
um ano para ser finalizado e apresenta mais de cem figuras.
A Consagração de Napoleão - Jacques - Louis David (detalhe)
A imagem acima reproduz uma parte do grande quadro do
pintor francês Jacques-Louis David.
Norteado pelos elementos simbólicos da imagem proposta,
podemos perceber que embora Napoleão Bonaparte visse a Igreja com certa
desconfiança, buscou o apoio do clero a fim de ampliar a legitimidade de seu
governo. Isto se torna evidente, através da presença de integrantes da Igreja
Católica, dentre eles, a sua liderança maior, o papa Pio VII.
Napoleão procurou dar à sua coroação o mesmo significado
simbólico que teve a coroação de Carlos Magno, muitos séculos antes. Por isso,
no ato de sua coroação, Napoleão entrou na catedral com a espada e usava o
manto do imperador franco.
À semelhança de Carlos Magno, Napoleão também foi coroado em
dezembro, mês do natal, e não poupou esforços para que a cerimônia fosse
realizada com luxo e requinte. Napoleão e Josefina compareceram ao evento
vestidos de veludo bordado e seda trabalhada em ouro e prata. A coroa de louros
dourados, usada por Napoleão, evocava o esplendor da Roma Antiga.
Um pequeno detalhe, no entanto, tornou especial este dia
inesquecível: na hora H, Napoleão surpreendeu a todos com o seu gesto: retirou
a coroa das mãos do papa, deu as costas a ele e se auto-coroou “imperador dos
franceses”. A seguir ele próprio coroou Josefina, sua esposa.
O pintor procurou fixar o exato momento em que Napoleão está
prestes a coroar a si mesmo. Enquanto isso, a futura imperatriz aguarda
ajoelhada. Ao coroar-se, Napoleão provavelmente quis dizer que nem o chefe da
igreja estava acima dele. Aliás, perante a perfeição da obra analisada, não
podemos deixar de destacar a feição de desaprovação contida no rosto do papa
diante da atitude de Bonaparte.
Outro aspecto a ser lembrado aqui, refere-se a escolha de
Jacques-Louis David. Esta sem dúvida não foi casual. Ele era o pintor oficial
de Napoleão e adotava o estilo neoclássico. Ora, o neoclassicismo buscava
inspiração nos temas da Roma e da Grécia antigas. Era, portanto, um estilo que
desejava equiparar-se aos antigos imperadores romanos. A festa de coroação
obedeceu a um ritual semelhante em tudo ao que era dedicado àqueles
imperadores.
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