Beatrice Wood Art.
YOUNG AT HEART - BECAUSE TO LIVE IS AN ART.
Beatrice Wood - Young at heart.
"We learn from handicaps. They awaken
energy which is needed to overcome them, and thus wisdom is born." – Beatrice
Wood
Conhecida como a
mãe do Dadaismo¹, Beatrice Wood nunca poderia ser chamada de personagem comum.
Ceramista talentosa, escritora, musa de grandes artistas e amante incondicional
da vida. Sua figura inabitual levou o diretor James Cameron a criar a
personagem de Rose Dewitt Bukater no filme Titanic. Beatrice Wood ainda ficou
conhecida por suas posições anticonformistas o que inspirou o diretor não menos
famoso François Truffaut em sua adaptação para “Jules e Jim”.
Gloria
Stuart, Beatrice Wood, James Cameron.
Beatrice
Wood - Kate Winslet (Rose DeWitt Bukater)
Beatrice
Wood – Gloria Stuart (Rose DeWitt Bukater)
Jules
et Jim – François Truffaut – 1962.
Ninguém que conheceu
Beato (nome pelo qual era conhecida pelos amigos e com o qual assinava suas
obras) poderia sentir menos que uma enorme admiração por ela e segundo os que
por sua vida passaram de alguma forma, ela dispunha de uma alegria de viver e
de um humor inigualáveis assim como de um coração amoroso e de uma casa de
portas sempre abertas. Contagiante também era seu amor profundo pela arte em
todas as suas vertentes.
Beatrice Wood
criando em seu torno caseiro.
Beatrice Wood
nasceu em três de março de 1893 na cidade de São Francisco, EUA, e, desde a mais
tenra idade sua curiosidade pelas artes aflorava a olhos vistos. Mergulhou na
pintura, no desenho, na escrita e no teatro antes de descobrir seu amor pela
argila, o que a levou a ser uma das maiores ceramistas dos Estados Unidos.
This
1893 photo shows the northeast view down the once-grand Mariposa Street leading
to the old Fresno County Courthouse – San Fransisco.
Beatrice and Her 12 Children, 1917
Vindo de uma
família abastada convenceu seus pais a lhe darem apoio para iniciar sua
carreira artística, e como falava francês perfeitamente se dirigiu a Paris onde
estudou teatro na “Comédie-Française” assim como arte na famosa “Académie
Julian” onde ainda teve aulas de História da Arte sob a tutela de Jules-Joseph
Lefebvre, notório pintor francês. A primeira Guerra Mundial a obrigaria a
retornar aos Estados Unidos, onde em companhia de Henri-Pierre Roché (escritor
francês e autor do livro Jules et Jim – 1956) e de Marcel Duchamp (pintor, escritor e poeta
francês) viria a fundar em 1917, a
revista de arte “The Blind Man”, que acabou por se converter em uma das
primeiras publicações manifestantes do Movimento Dadaísta. Ainda participava
das reuniões periódicas de apoiadores do movimento como a Man Ray, Francis
Picabia, Walter e Louis Arensberg, o que lhe valeu o apelido de “Mama Dada” ou
mãe do Dadaísmo.
Sessão de modelo
vivo na “Académie Julian” – Paris – França.
Jules-Joseph Lefebvre na “Académie Julian”.
Em 1930, viajou
para a Europa com um amigo e adquiriu um conjunto em cerâmica persa de pratos e xícaras. Incapaz de encontrar um bule de chá que combinasse, encomendou então
um bule de cerâmica persa a um antiquário e voltou aos EUA. A encomenda demoraria a chegar o que fez ela
se inscrever em uma classe de cerâmica na Hollywood High School, na esperança
de fazer um bule ela mesma. Imediatamente descobriu sua afinidade com a argila e em 1947, ou seja, aos
54 anos após frequentar as aulas de cerâmica, onde encontrou sua verdadeira
vocação, Beatrice se instalaria em uma charmosa casa em Ojai, na Califórnia,
onde sua carreira de artista se desenvolveu e onde ela permaneceria até seu
falecimento, nove dias após completar seus 105 anos em 12 de março de 1998,
após uma vida vivida em plenitude.
Beatrice Wood - Ojai – California – 1960 e
1996.
Casa
de Beatrice Wood - Ojai - California. Após sua morte se transformou no "Beatrice Wood
Center for the Arts".
Beatrice
Wood in her studio, c 1980.
Mosaic
patio seating at the home of Beatrice Wood in Ojai, CA.
Durante sua rica
vida converteu-se em membro vitalício da Sociedade Theosófica de Adyar, onde
conheceu e teceu uma amizade de uma vida inteira com seu fundador: Jiddu
Krishnamurti, filósofo, escritor e educador indiano; o que a levou a estudar
teosofia na Bessant High School, e, mudaria sua compreensão de vida com
profundidade. Em seu círculo de amizades extenso se incluem entre outros os
nomes de personalidades como Edgar Varèse (compositor francês), Constantin
Brâncuși (célebre escultor romeno), Anaïs Nin (autora francesa), Francis
Picabia (pintor e poeta francês), Joseph Stella (pintor modernista italiano),
Man Ray (fotógrafo e pintor), Gertrud e Otto Natzler (ceramistas famosos), Walter
e Louise Arensberg (mecenas da arte).
Em 1960, Beatrice lecionou arte na “Happy
Valley/Bessant Hill School”. Incentivada por sua amiga Anaïs Nin, publicou
sua autobiografia em 1994 cujo título é “I Shock Myself”, e foi declarada pelo
Instituto “Smithsonian Institution” como: “Estimada Artista Estadunidense”.
Beatrice Wood
teaching at Happy Valley School - 1960.
Como oleira e
ceramista, Beatrice ficou fascinada desde o início pelo processo de
vitrificação, e dedicou ao mesmo, muitos anos de estudos aprofundados
aperfeiçoando a técnica ao longo de quinze anos e criando sua própria versão do
esmalte brilhoso. No início, este esmalte adornava os conjuntos de jantar mais
convencionais e estatuetas que ela criava para manter seu estúdio em execução,
mas pelo início dos anos 1970, Beatrice já havia estabelecido uma reputação
séria como artista plástica.
Beatos
studio View - Ojai.
Seus estudos com
os mestres ceramistas Getrud e Otto Natzler, viriam a deixar suas marcas, pois
estes lhe incutiram a visão de observar os objetos feitos em cerâmica como verdadeiras
obras de arte. Beatrice então deu inicio a uma elaboração mais complexa em seus
trabalhos e como resultado era cada vez mais requisitada por marchands de
galerias e museus para expor seus trabalhos.
Beatrice Wood Vase
1950-1951 Earthenware, Lustre Glaze
Em testamento
deixou sua casa e ateliê para a Fundação “Happy Valley” que em 2005 incorporou
os mesmos abrindo o “The Beatrice Wood Center for the Arts”.
The
Beatrice Wood Center for the Arts.
Uma mulher
independente inclinada a dizer sempre o que quer que estivesse em sua mente,
atribuía sua longevidade ao chocolate,
aos livros de arte e aos amantes. Vegetariana, não fumante e abstêmia, levava,
porém um estilo de vida boêmio, rodeada de artistas e pessoas famosas. Ao longo
de sua existência Beatrice Wood abraçou a sabedoria do Oriente assim como
manteve sempre um pensamento positivo, uma forte ética de trabalho, um sentido
dadaísta de humor e uma visão romântica da vida. Esta filosofia pessoal parecia
apropriada, pois fez com que continuasse lúcida e trabalhando até o fim de seus
dias em sua jornada terrena.
Miniature
Vessels 1980.
“Do be true to yourself, whether it’s bad doesn’t matter. The important
thing – you have to copy while you’re studying. And culture is – each of us –
is like one pearl added to another to make a chain. We each contribute to the other.
And that’s all right. But once you’re on your own, do that which comes from
within.”- Beatrice Wood.
Beato
¹Dadaismo -O dadaísmo ou movimento
Dadá foi um movimento artístico da
chamada vanguarda artística moderna iniciado em Zurique, em 1916, durante a
Primeira Guerra Mundial, no chamado Cabaré Voltaire. Formado por um grupo de
escritores, poetas e artistas plásticos – dois deles desertores do serviço
militar alemão – liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. Embora a
palavra dada em francês signifique "cavalo de madeira", sua
utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem. Para
reforçar esta ideia, estabeleceu-se o mito de que o nome foi escolhido
aleatoriamente, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo um estilete
sobre ela, de forma a simbolizar o caráter antirracional do movimento,
claramente contrário à Primeira Guerra Mundial e aos padrões da arte
estabelecida na época. Em poucos anos o movimento alcançou, além de Zurique, as
cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris. Muitos de
seus seguidores deram início posteriormente ao surrealismo, e seus parâmetros
influenciam a arte até hoje.
O que se dizer de uma personalidade curiosa e fascinante como a de Beatrice Wood que fez da Irreverência sua arte.
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