Alexander Volkov (1886 - 1957)
Oil
on canvas.
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Recentemente
estive assistindo a um documentário sobre a vida de Igor Stavítsky. Muito me
impressionou sua coragem e determinação em resgatar obras de arte por toda a
Rússia na época em que o comunismo consumia aquela região do mundo proibindo
qualquer manifestação artística que não enaltecesse as “benesses” deste regime
totalitário.
Gostaria de dividir
com vocês um pouco do que pude pesquisar, uma vez que fiquei encantada com as
obras que pude ver.
Espero que gostem e divulguem.
Museu Igor Savítsky, Uzbequistão.
Nukus-Savitsky-Museum-Plaque.
O Museu de Arte Nukus, ou nomeado de Museu Igor Savitsky em homenagem a seu fundador, é um museu de arte que possui sua sede em
Nukus capital da República Autônoma de Karakalpakstan no noroeste do Uzbequistão,
na base sul do Mar do Aral. Inaugurado em 1966, o museu abriga uma coleção de
mais de 82 mil itens, que vão desde antiguidades a arte popular do Uzbequistão denominada, Khorezm Karakalpak. É a
segunda maior coleção de arte russa no mundo, ficando logo atrás da coleção do Museu de São
Petersburgo. O museu representa o trabalho de toda uma vida de Igor Savítsky,
cujo legado inclui milhares de tesouros artísticos e culturais em exposição
permanente, o que o torna um dos edifícios mais interessantes da arte antiga e
moderna. Hoje chamada, por conhecedores, colecionadores e apreciadores de arte
como “A pérola do deserto” - ou, como a
revista francesa Télérama recentemente o chamou: “Le Louvre des Steppes”.
Fisherwomen
de Rostislav Barto (1902 – 1974)
Oil on Cardboard, 1930
Savistky Art Museum, Nukus, Karakalpakstan,
Uzbekistan
On his Knees
de Lev Galperin (1886 - 1938)
Tempera on paper
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
O artista auto didata Lev Galperin (1886 – 1938), judeu russo, cuja
obra podem apreciar acima, foi indiciado pelo Regime Comunista, pela forma como ele descreveu os seus
líderes. Suas pinturas eram consideradas como contra-revolucionárias. Em seu
depoimento, Galperin negou a presença da arte como expressão de Liberdade na
União Soviética e se dizia cético sobre o sistema estabelecido. Ele cumpriu
parte de sua pena em Karlag, em seguida, foi transferido para Dmitlag na região
de Moscou. Seu certificado de óbito diz: "Causa da morte: execução por
fuzilamento”.
Igor Savitsky
A situação destes artistas e sentindo o próprio senso da alienação imposta
ao tempo, sociedade e lugar em que ele vivia inspirou o jovem Igor Savitsky. Russo nascido
em Kiev em 1915, arqueólogo, artista e colecionador, filho de acadêmicos e neto de um aristocrata, ele foi
criado em meio as histórias de horror da
revolução bolchevique. Seu avô foi sumariamente executado em 1919. Sua casa,
como a de todos os "inimigos da revolução" queimada com móveis,
pinturas e livros... De uma forma nada convencional, Igor Savitsky, viria a ser o fundador do
NUKUS MUSEUM OF ART, no Usbequistão.
Igor Savitsky.
Interior do museu Igor Savitsky.
Artists Alexander Volkov and Ural Tansykbaev, 1920.
Group photo of
the artists represented in the Savitsky Collection
Tashkent, Uzbekistan 1930.
(Alexander Volkov at top, Nikolay Karakhan to
his right, bottom right Ural Tansykbaev).
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Weaving women de Darya Kazakh
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Reading the
Newspaper (1938) de Nikolay Karakhan
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Na década de 90, quando jornalistas e diplomatas ocidentais descobriram o
museu, pareceu o início de um conto de fadas do mundo das artes. Expostas em
molduras simples estavam obras do mais alto nível, referentes a toda a
variedade de estilos do início do século XX. A coleção de Savitsky prometia
preencher um capítulo que faltava na história da arte, com a produção de
artistas soviéticos em grande parte esquecidos, que estavam explorando novos
rumos antes do início dos anos 30, quando o regime de Stalin condenou a "decadente
arte burguesa" em favor de imagens idealizadas de operários e camponeses, o
novo realismo socialista, assim infelizmente fazendo uso da arte como
instrumento de adestramento e dominação do homem ou - pior ainda - de um povo
inteiro.
Stalin et
Vorochilov au Kremlim, 1938 Realismo Socialista,
de Aleksandr Guerassimov.
Cartaz típico realismo socialista “o que a Revolução de Outubro deu as camponesas”.
Cartaz típico realismo socialista “Stalinismo”.
Acima: manifestações artísticas consideradas em sintonia com o realismo socialista - com
imagens idealizadas de operários, camponeses e líderes soviéticos.
A arte produzida na Rússia durante o primeiro trimestre
deste século teve uma profunda influência sobre tudo o que hoje conhecemos como
moderno. Uma constelação brilhante de artistas talentosos surgiu num momento em
que muitos russos acreditavam que eles estavam à beira de uma nova época, em
que o espírito humano seria verdadeiramente liberado pela primeira vez. Procurando
transmitir sua excitação, eles produziram um corpo de trabalho cuja
originalidade foi tão extraordinária que o sistema soviético provou ser incapaz
de tolerá-lo. Em uma das grandes tragédias da história da arte, a vanguarda
russa foi esmagada em 1930. Hoje em Nukus, no entanto, eles não somente
sobrevivem, mas triunfam. Vejam alguns exemplos a seguir:
Street in old
Khiva de Igor Savítsky
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Women going
to BathHouse de Ruvim Mazel (1890 - 1967)
Paper, gouache and water color
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Portrait of
a Woman de Vasiliy Millioti (1875 - 1943)
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Portrait of
Sardan 1928 by Vera (Runa) Pshesetskaya
oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus, Karakalpakstan,
Uzbekistan
Building a
Road (1932) de Nikolay Karakhan
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Só os especialistas sabem os nomes dos pintores expostos no
museu Igor Savitsky. Não, o museu não expõe Kandinsky’s, Chagall’s e Malevich’s, mas sim, fala de
artistas que não puderam, ou não,
fugiram do terror stalinista que se abateu sobre a URSS. Eles pagaram com a sua
liberdade ou com a vida, e às vezes com ambos. Seus expoentes foram
silenciados, presos, deportados para Gulags, exilados, enlouquecidos ou
assassinados. Suas biografias são breves. Data e local de nascimento, os
estudos em Moscou, Kiev, por vezes, casamento, filhos, um trabalho e, de
repente o vazio! Nada. Desaparecimento
sem deixar rasto. Parado, o artista desapareceu, como se nunca tivesse
existido. Tomados em conjunto, todas estas vidas quebradas cujas pinturas
mostram dizer muito mais do que a história da arte. Não há palavras para
coincidir com a emoção que se sente ao observar estas obras de arte reunidas neste
museu que é de fato, muito mais que um museu: É um memorial da vida.
A Horseman
in Red, Autumn (1961) de Arkadiy Stavrovskiy
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Alcoholic
(1928), de Arkadiy Stavrovskiy
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
CrimsonAutumn
1931 de Ural Tansykbayev
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus, Karakalpakstan,
Uzbekistan
Apocolypse de Alexey Rybnikov
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Ubayda (1926)
de Vasiliy Rozhdestvenskiy
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Kuzminki (1911)
de Aleksey Morgunov
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Coloured
Sails (1930) de Vladimir Timirev
watercolor on paper and pencil drawing
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
The Bull de Vladimir
Lysenko
Oil on canvas
Savistky Art Museum, Nukus,
Karakalpakstan, Uzbekistan
Perto de sua
morte e já bem debilitado por sua doença, na década de oitenta, Savitsky
entregou o controle do Museu a Marinika
Babanazarova, filha do cientista Karakalpak M.Nurmuhamedova (amigo de Savitsky),
uma mulher notável que agiu como custodiante para o museu, sua cultura e visão
de Savitsky desde então. Hoje é diretora
do museu e junto com sua equipe de especialistas e restauradores dedicados ela
tem cuidado e defendido esta coleção
única de Savitsky por 28 anos.
Marinika Babanazorova, diretora e curadora do Savítsky
Art Museum.
Igor V. Savitsky
Sugiro ainda
que procurem assistir ao documentário “O Deserto da Arte
Proibida” (The Desert of Forbidden Art) de Amanda Pope e Tchavdar Georgiev, que
conta a história de Igor V. Savitsky, colecionador obsessivo ao qual é
atribuído o mérito de ter salvo dezenas de milhares de obras de arte
anteriormente nas mãos das autoridades soviéticas.
An Artists prophecy:
"In my dream
I saw a creature, his eyes like the barrels of a gun. I called the painting
'Fascism Is Advancing', Yevgeny
Lysenko".
"No meu
sonho vislumbrei uma criatura, seus olhos como o cano de uma arma. Dei o nome a
pintura de “Avança o Fascismo”, Yevgeny Lysenko".
Para mais
informações sobre o museu, sua história e obras que abriga:
Para
informações sobre o que o governo do Uzbequistão
pretende fazer com o museu e o perigo que suas obras correm novamente:
DELIA, QUE INTERESSANTE ESTA SUA POSTÁGEM! A HISTÓRIA E AS PINTURAS LINDAS QUE POUCAS PESSOAS CONHECEM! PARABÉNS MINHA FILHA, VC.É 'DEMAIS' !!!
ResponderExcluirNunca antes tinha me deparado com algo tão maravilhoso, as obras são belíssimas e ricas em sentimentalismo...
ResponderExcluirSó poderia ser obra de uma talentosa escritora como você...Te amo mais que tudo!
Bjs.
Obrigada a vocês,que iluminam nosso Blog com sua presença! Bjs
ResponderExcluirI has wider agluegt u findes eifach wunderschoen u vor auem intressant! Mach e so witer u gib nie uf! Te amo
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