STAFF HEAD WITH OWL, 5TH- 10TH CENTURY, COLOMBIA
Para os povos indígenas do México a coruja traz o vento frio
do Norte (o vento suave do Sul é originado pela borboleta). A coruja foi chamada de "mensageira do senhor da
terra dos mortos", e voa livremente entre estes dois mundos.
MEXICAN OWL
Durante a História da Humanidade, as corujas simbolizaram o
conhecimento e a sabedoria. Este é o caso da coruja na Grécia antiga. Os gregos
consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação
intelectual e a coruja, por ser uma ave noturna, acabou representando essa
busca pelo saber.
GREEK GODDESS OF WISDOM WITH HER OWL
A coruja e, especificamente, a "Pequena Coruja"
(Athene noctua), era símbolo da deusa Atena. Um dos cognomes da Deusa Atena é "Glaukopis", significando
olhos brilhantes. Etimologicamente, esta palavra deriva de "Glaucos"
significando brilhante, e "Ops", que significa olho. É digno de nota
que a palavra "Glaux" (coruja) tem a mesma raiz, aparentemente devido
aos olhos exclusivos do pássaro. Então, o pássaro que vê na escuridão está
intimamente associado à Atena, (Minerva para os romanos), a deusa da
sabedoria. Atena foi retratada com sua ave sagrada nos Tetradracmas atenienses,
moedas cunhadas em várias versões por cerca de 400 anos. A pequena coruja também mantinha um olho no comércio ateniense, do verso dos Tetradracmas. A coruja foi protegida
e habitava a Acrópole em grande número, acreditando se trazer vitória nas
batalhas.
ATHENA AND HER OWL DEPICTED ON A GREEK ATTIC WARE LEKYTHOS DATING FOM 490 - 480 BC AT THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, NEW YORK.
CHOUETTE ARMÉE ENOCHOÉ DES ANTHESTÉRIES ATTIQUE À FIGURES ROUGES VERS 410 - 390 AV.J.C. GRÈCE
GREEK TETRADRACHM ATHENA AND HER OWL
Na cerâmica protocorintia (725-650 a.C ), grega, podemos ver
as corujas reperesentadas. A cerâmica protocorintia tinha como motivos
ornamentais básicos os frisos com animais e cenas bélicas, em escala reduzida,
própria para a decoração de pequenos vasos como aríbalos e pixides.
OWL-SHAPED PROTOCORINTHIAN ARYBALLOS, CA. 630 BC
VASE WITH OWL IN DELOS MUSEUM GREECE
Na China, alguns povoados as associavam a relâmpagos, por
isso confeccionavam efígies, tipo de estatuetas, retratando corujas, que eram
espalhadas pelas casas para invocar a proteção contra raios. Também faziam
brinquedos em forma de corujas que denominavam "darumas", e que tinham o objetivo
de proteger as crianças contra doenças infecciosas.
ANCIENT CHINA OWL EFFIGIES
ANCIENT CHINESE OWL ART
CHINA SPECIAL EDITION PORCELAIN ATHENA OWL,
FROM ROYAL CROWN DERBY
CHINES DARUMA OWL
Ainda lhe atribuem o predomínio do princípio "yang", o
que a tudo intensifica. Mas, por ver no escuro e ser considerada séria e dada a
meditação, é também um símbolo de sabedoria que atravessa a escuridão da
ignorância. É conhecida ainda como
protetora contra o fogo.
CHINESE INK PAINTING OWL
No Japão, entre o povo Ainu a coruja é reverenciada como um
mensageiro dos deuses ou de um ancestral divino. Eles faziam estátuas de corujas em madeira. Estas,
eram pregadas nas portas no intuito de combater a fome e a peste, uma vez que disfrutavam dos poderes divinos. Os
Ainus brindavam ao Bufo-Real antes de uma expedição ou caça, pois ela os
advertiria contra o perigo.
OWL ART FROM AINU FOLKLORE
AINU FOLKLORE WOODCARVED OWL
AINU MAN WITH OWL HEAD ADORNMENT, EARLY 20TH CENTURY
Ainda no Japão, a
palavra “fu kuroo 不苦労”, sem
dificuldades nem preocupação, unida a
palavra “chiebukuro 知恵袋” que quer dizer sábio, se torna a designação de pequenos amuletos em forma de corujas chamados de “chie no
fukuro”, que visam trazer boa sorte, a resolução de preocupações e a sabedoria
a quem os porta consigo.
JAPANESE FUKURO OWLS
Nas lendas Celtas a deusa Arianrhod é associada a
coruja, pois é capaz de se metamorfosear na mesma, para através de seus olhos
ser capaz de ver as profundezas escuras da alma humana. A coruja simboliza a
morte e a renovação, a sabedoria, a lua, a magia e iniciações. Diz-se mover com
força e propósito durante a noite, o bater de suas asas dão conforto, cura e espalham consolo
para aqueles que buscam a divindade.
ARIANRHOD GODDES WITH OWL
CELTIC OWL ART
CELTIC LINCHPINS OWLS
Espanha: diz a lenda que a coruja foi uma vez a mais doce das cantoras, até que viu Jesus
crucificado. Desde então, se afastou da luz do dia apenas repetindo as palavras
"cruz, cruz “.
CRUCIFIXION OF CHRIST
OWL ART - SPAIN
Os Europeus medievais acreditavam que as corujas eram bruxos e
bruxas, metamorfos disfarçados.
WISE WIZARD WITH HIS OWL - WOODCARVING ART
Na Letônia, acreditava-se que quando os cristãos adentrassem aos templos
pagãos os deuses gentios fugiriam levantando vôo, em forma de corujas.
SNOW OWL STONE ART BY MARINA FRICKE, LATVIAN ARTIST
Na França, a coruja é o símbolo da cidade francesa de Dijon.
Há uma escultura da coruja na Catedral de Notre Dame, e dizem que quem passa a
mão esquerda nela ganha sabedoria e felicidade. Em Lorraine, as mulheres
solteiras devem ir para a floresta encontrar uma coruja e pedir a ela que lhes
encontre um marido. Os franceses também crêem que, quando uma mulher grávida ouve uma coruja é um
presságio de que dará a luz a uma menina.
GOOD LOOK OWL DIJON, FRANCE
A REQUEST FOR GOOD LUCK- DIJON, FRANCE
Em Israel, a coruja cinzenta é considerada como animal que
traz boa sorte, especialmente se aparece em época de colheitas.
OWL FLYING OVER PLANTATION - ISRAEL
Na Índia, são usadas penas de coruja nas almofadas de
crianças para lhes proporcionar um sono tranqüilo. Na mitologia hindu, a coruja
é considerada veículo da deusa Lakshmi (deusa da riqueza) e, portanto, é
considerado de sorte, se uma coruja reside perto de sua casa.
GODDESS LAKSHMI AND OWL
Em algumas culturas do Oriente Médio, a coruja é um
guardião sagrado da vida após a morte, regente da noite, bem como um vidente, guardião das almas em transição de um plano de existência para outro.
Para os Abissínios (hoje Etiópia e Eritréia) a coruja era considerada sagrada.
Os Hamites
consideravam a coruja sagrada.
Os Afegãos acreditam que a coruja lhes deu sílex (um minério) e ferro, para
fazer fogo. Em retribuição os deuses lhe deram belíssimas penas.
OWL WITH COLOURED FEATHERS
NORTHERN HAMITES
Na Groenlândia, o povo Inuit vê a coruja como fonte de
orientação e ajuda.
INUIT OWL ART
Rússia
"Sirin" é uma
criatura mitológica de lendas russas, com cabeça de mulher e corpo de ave (geralmente uma coruja). De acordo com o mito, as Sirins
vivem "em terras indígenas" perto do Éden ou ao redor do rio
Eufrates.
SIRIN SUNDUK 1.710
Estas
mulheres-pássaros são baseadas nos mitos gregos, e, mais tarde
no folclore sobre sereias. Eram
geralmente retratadas com uma coroa ou com uma auréola. As Sirins cantavam
belas canções para os santos, predizendo alegrias futuras. Para os mortais, no
entanto, eram aves perigosas. Os homens que as
ouvissem iriam esquecer tudo na terra e segui-las para finalmente, morrer.
As pessoas tentam se salvar das Sirins tocando sinos e fazendo outros ruídos
altos para assustar a ave.
SIRIN - EARLY XIX CENTURY
Mais tarde (séculos XVII - XVIII), a imagem das Sirins mudou e elas começaram a simbolizar a
harmonia no mundo, pois vivem perto do paraíso. Acredita-se, até hoje que
apenas as pessoas realmente felizes podem ouvir uma Sirin, enquanto que apenas
muito poucos podem vê-las, porque ela é tão rápida e difícil de pegar: como a
felicidade humana. Ela simboliza a eterna alegria e felicidade celestial.
A lenda do
Sirin poderia ter sido introduzida na Rússia por mercadores persas no século
8° ao 9°. Nas cidades de Chersonesos e Kiev são freqüentemente encontradas
retratadas na cerâmica ou em pingentes de ouro. Representadas nas ilustrações do
Livro Gênesis, como pássaros pousados nas árvores do paraíso.
SIRIN - LATE XIX CENTURY
Para o Xamanismo, a coruja conecta todas as partes do ser, permitindo vencer o
temor e aprender a qualidade da consciência do existir e do fluir em todos os
níveis. O poder desse animal pode ser invocado para que a pessoa desperte a
capacidade de olhar para si mesma, em busca de uma visão mais íntegra a
respeito de si, ou de aspectos que ainda permanecem obscuros e precisam ser
vistos. Para os xamãs, o conceito de
morte atribuído muitas vezes as corujas, é apenas a "morte", no
sentido de ser uma porta aberta do físico para o espiritual, mais precisamente,
do mundo material temporário em que vivemos agora de volta para a fonte
espiritual de onde viemos.
OWL SHAMAN
Os Dakotas viam a
coruja como um espírito protetor. Os Hopis tinham a coruja como guardiã do fogo. Os
índios das Pradarias adornavam seus cabelos com penas de corujas para lhes dar
proteção contra os espíritos das trevas. Entre as tribos Cree e os Apaches, havia a crença de que a coruja Boreal quando vista voando convocava as almas
terrenas para o mundo espiritual.
NATIVE AMERICAN OWL TOTEM
NATIVE AMERICAN OWL SHAMAN - DREAMING THE OWL'S DREAM
Na África, a coruja é
a mascote do feiticeiro Zulu. E no xamanismo africano é reverenciada por enxergar a totalidade.
As Culturas africanas vêem a coruja semelhante aos nativos
americanos, anunciando-as como mensageiras dos deuses e do oculto, sendo aves
companheiras de feiticeiros, magos e de
bruxas. Em culturas animistas ¹ africanas, é dito que, se você vir uma coruja
durante o dia, isso significa que os espíritos de seus antepassados estão
observando e protegendo você.
¹Animismo: designa a manifestação religiosa imanente a todos
os elementos do Cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza
(rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais,
fungos, vegetais) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite); é
um princípio vital e pessoal, chamado de anima (alma).
AFRICAN ZULU OWL MASK
Brasil
Na tradição guarani, o espírito "Nhamandu", o criador,
manifestou-se na forma de coruja para criar a sabedoria. No dicionário, o
adjetivo "corujeiro" é um tremendo elogio. Significa alguém ou algo excelente,
agradável e, o melhor, disposto a tudo. Na linguagem popular, "mãe coruja" (ou
avó coruja, tia coruja, pai coruja) é a mãe que acha seu filho o máximo, embora
ele possa estar bem longe disso.
OWL ART- GUARANI NATIVES
Algumas tribos indígenas brasileiras, principalmente os
Cariris, acreditavam que essa ave de rapina era um deus disfarçado de animal.
Para eles, se a ave ficasse parada observando um humano, mesmo ela sabendo que
também está sendo observada por ele, o indígena seria respeitado pela tribo,
pois teria sido escolhido pela coruja para guardar a tribo e seus segredos.
Na tradição Guarani, o Grande Espírito, manifestou-se na
forma de um colibri e também na forma de uma coruja, criando a sabedoria.
MARAJOARA CERAMIC NATIVE ART - OWL
BRAZILIAN NATIVE SOAP STONE ART - OWLS
RAONI TXUCARAMAE BRAZILIAN NATIVE WITH HIS OWL TOTEM
Em praticamente todas as culturas antigas, solitárias
criaturas noturnas são os símbolos da sabedoria interior, capacidade psíquica,
e intuição, todos os quais são os traços da alma.
A coruja é um exemplo perfeito de tal criatura. Ela
representa a sabedoria, sempre profundamente ligado a magia, ao xamanismo e aos sentidos aguçados ao longo dos
tempos.