“De tempos em tempos, o Céu nos
envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de
seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu.” —
Giorgio Vasari (sobre Da Vinci)
Mona Lisa - Leonardo da Vinci.
Um dos quadros mais famosos do mundo, “Mona Lisa” de Leonardo da Vinci
atrai olhares e atenções no museu do Louvre, em Paris onde está exposto. Uma
das mais famosas pinturas de um dos mais eminentes artistas do Renascimento, é
um quadro relativamente pequeno, medindo apenas 77 cm x 53 cm. Trata-se de uma
pintura a óleo feita sobre painel de madeira de álamo.
Aqui
é possível que o espectador visualize o tamanho reduzido que a obra possui. Mona Lisa em exposição no museu do Louvre - Paris.
Segundo alguns historiadores o nome da pintura, Mona Lisa teria sido resultado
de um erro de ortografia, o nome original da obra era "Monna Lisa". A palavra “Monna”,
em italiano arcaico era uma forma abreviada de "Madonna", título usado na Idade
Média para prefixar um nome e significa Senhora, enquanto que para Senhor se
usava a designação “Messer”. Também
poderia significar Nossa Senhora, dependendo do contexto usado. Como
todas as obras de Leonardo da Vinci esta obra não se encontra assinada e nem
datada por ele.
Museu
do Louvre, Paris – França.
Obra de arte enigmática representa
uma mulher que olha diretamente para quem a observa, independente de onde este
observador se posicione, o olhar de Mona Lisa o seguirá plácido. A Gioconda não
possui sobrancelhas nem cílios. No entanto, algumas análises de alta resolução
já revelaram que a modelo já teve sobrancelha e cílios. Alguma limpeza deve ter
removido o pigmento usado para pintar estes traços.
Olhar de Mona Lisa – detalhe quadro
Mona Lisa – Da Vinci.
Nesta obra de arte Da Vinci usou com
maestria a técnica do “Sfumato”, que consiste em criar suaves graduações entre
as tonalidades. Nesta técnica, as cores vão do claro ao escuro, numa gradação
contínua de tonalidades, sem bordas definidas enquanto as formas emergem das
sombras e se misturam nelas. Leonardo da Vinci descreveria esta técnica como
sendo uma técnica desprovida de linhas ou fronteiras, tomando a forma da fumaça
que vai além do plano de foco. A
aplicação desta técnica dificulta a percepção das pinceladas e das variações de
tons nas passagens de luz e sombra. As curvas sensuais do cabelo e da roupa de
Mona Lisa, criadas através do “sfumato”, encontram eco nos rios ondulantes da
paisagem subjacente. A harmonia total alcançada no quadro, visível
especialmente no sorriso, reflete a unidade entre Natureza e Humanidade que era
parte importante da filosofia pessoal de Leonardo da Vinci.
Habitantes de Arezzo no Val di
Chiana, um vale na Toscana, tradicionalmente reivindicam a paisagem na obra de
Mona Lisa como sendo a deles. Um artigo publicado na revista Cartographica
sugere que a paisagem é formada de duas partes, que quando colocadas juntas
correspondem ao mapa topográfico de Leonardo da Vinci do Val di Chiana.
Mapa
topográfico Val di Chiana – Toscana – Leonardo da Vinci.
Da Vinci iniciou a
pintura em 1504 - 1505 findando a mesma apenas um pouco antes de sua morte em
1519, ou seja, a obra foi sendo aperfeiçoada durante 14 anos, e alguns
historiadores relatam que este teria sido o tempo que da Vinci levou para
aperfeiçoar os lábios de Mona Lisa. E justamente este sorriso, o sorriso
misterioso de Mona Lisa já foi motivo de várias teorias, entre elas uma que
defende que ele se deve ao fato de a Gioconda estar secretamente grávida na
ocasião de ter sido retratada. Especialistas do Centro de Pesquisa e
Restauração do Museu da França chegaram a esta conclusão quando descobriram,
por meio de raios infravermelhos, que o pintor modificou a obra diversas vezes.
A Mona Lisa inicial usava um vestido fino feito de gaze, vestimenta comum para
mulheres grávidas da época, assim como o delicado véu negro envolvendo sua
cabeça, este tipo de véu era utilizado pelas aristocratas toscanas durante, e
alguns meses após a gestação.
Mona
Lisa – detalhe – Leonardo da Vinci.
O
quadro sob efeito dos raios infravermelhos mostra mona Lisa com o vestido de
gaze.
Ainda segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Da
Vinci, ao mesmo tempo em que pintava a Mona Lisa, procurava que tivesse alguém
cantando, tocando algum instrumento ou brincando, para assim distrair sua
modelo, induzindo-a a manter seu bom humor, assim não adotaria um aspecto triste
ou cansado. Na época, não era apropriado uma moça sorrir demais. O ambíguo
sorriso de Mona Lisa se observado mais de perto apresenta ainda uma disposição
meio debochada, irônica de um lado e solenemente séria de outro, talvez para
que a natureza exata do sorriso não pudesse ser determinada. O jeito como as
mãos da modelo estão cruzadas e pousadas sobre o colo mostram um sinal de
decoro. A etiqueta da época dizia que as mulheres sofisticadas deveriam sentar
desta forma.
Detalhe
mãos, quadro Mona Lisa – Leonardo da Vinci.
Em 1516, Leonardo da Vinci levou a
obra da Itália para a França, quando foi trabalhar na corte do rei Francisco I,
o qual teria se oferecido para comprar o quadro, recebendo, porém sempre
evasivas de Da Vinci, que dizia o mesmo não estar acabado. No tempo em que Da
Vinci permaneceu trabalhando na corte de Fransisco I, permitiu a exibição da
Mona Lisa em Fontainebleau e, posteriormente, no Palácio de Versailles. Antecipando
as intenções do monarca para adquirir seu quadro depois de sua morte, Da Vinci
deixou em seu testamento esse precioso objeto, ao seu assistente e modelo que
conviveu com ele por 25 anos, Gian Giacomo Caprotti da Oreno, apelidado Salai
ou il Salaino (que significa “Il Piccolo
Diavolo” – pequeno diabo). De fato
quando Da Vinci veio a falecer em 1519, de apoplexia, o jovem Salai vendeu a
obra Mona Lisa ao monarca francês por
4.000 ECUS – moeda francesa da época. Isso vem a explicar do porque este quadro
se encontra em mãos francesas e não italianas. Tempos depois, Napoleão
Bonaparte, tomaria a obra para si e a colocaria em seus aposentos.
Fontainebleau
– France.
Palácio
Versailles – Sala dos Espelhos.
Pallais
de Versailles, France.
detalhe
de “A morte de Leonardo da Vinci” – Jean Auguste Dominique Ingres – 1818 (mostra o rei Fransisco I no leito de
morte de Leonardo da Vinci).
Aposentos de Napoleão Bonaparte.
Em 22 de Agosto de 1911, cerca de
400 anos após ser pintada por Leonardo da Vinci, a Mona Lisa foi roubada dentro
do Louvre (museu em Paris) onde estava exposta. Muitas pessoas, incluindo o
poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso, foram
presas e interrogadas sob suspeita do roubo da obra-prima da pintura italiana.
Quanto a Guillaume Apollinaire e a Pablo Picasso, foram libertados meses mais
tarde. Acreditou-se, que a pintura estava perdida para sempre, que nunca mais iria
aparecer. Todavia a obra reapareceu na Itália, nas mãos de um antigo empregado
do museu, Vincenzo Peruggia, que era de fato, o verdadeiro ladrão. A Obra Mona
Lisa em seu retorno a França, teve honras de chefe de Estado, pois havia se
tornado famosíssima. Seu rosto já havia ocupado as primeiras páginas de todos
os jornais do mundo. E se antes houvesse quem não a conhecesse, depois de seu
roubo não havia ninguém que não tivesse conhecimento da mesma.
Vincenzo
Peruggia.
Louis
Beroud – Mona Lisa aux Louvre, 1911- aux
Salon Carré.
Manchetes
de jornais da época, sobre o roubo de “Mona Lisa”.
Pintura de Mona Lisa sendo recolocada em seu antigo posto no Louvre
em 1913.
Uma
das grandes discussões no meio artístico é sobre a mulher representada no
quadro. Sua identidade continua sendo um mistério. Muitos historiadores consideram
a possibilidade de a modelo usada no quadro ter sido a esposa de Francesco del
Giocondo, Lisa del Giocondo (Lisa Gherardini), um comerciante de Florença.
Outros afirmam que seria Isabel de Aragão, Duquesa de Milão, para a qual da
Vinci trabalhou alguns anos. Alguns acreditam se tratar da forma feminina de
Leonardo Da Vinci. Lillian Schwartz, cientista dos Laboratórios Bell, sugere
que a Mona Lisa é na verdade um autorretrato de Leonardo, porém, em sua forma
feminina. Esta teoria baseia-se no estudo da análise digital das
características faciais do rosto de Leonardo e dos traços da modelo. Comparando
um possível autorretrato de Leonardo com a mulher do quadro, verifica-se que as
características dos rostos se alinham com perfeição. Os críticos desta teoria,
porém sugerem que as similaridades são devidas ao fato de ambos os retratos
terem sido pintados pela mesma pessoa usando o mesmo estilo. Em 2011,
pesquisadores italianos afirmaram que a pintura foi baseada em seu assistente
chamado Salai. Eles sustentam a afirmação dizendo que os homens retratados por
Da Vinci nas pinturas São João Batista e Angelo Incarnato têm nariz e boca
semelhantes aos de Mona Lisa. Também afirmam que da Vinci deixou pintadas nos
olhos de Mona Lisa minúsculas letras "L", de Leonardo, e
"S", de Salai. O pintor acreditava que os olhos eram a janela da
alma, logo, seriam eles um lugar perfeito
para ocultar o que seria um segredo.
Isabel de Aragão – Duquesa de Milão / Mona Lisa.
Rostos de Leonardo
Da Vinci e Mona Lisa sobrepostos – segundo teoria defendida por Schwartz.
Traços
dos rostos de São João Batista e Angelo Incarnato (ambos tendo como modelo Gian Giacomo Caprotti da Oreno ou mais
conhecido como Salai).
A
pintura possui ainda uma pequena imperfeição. Em 1956, um homem chamado Ugo
Ungaza jogou uma pedra na pintura, o que resultou em um pequeno pedaço de
pintura danificada ao lado de seu cotovelo esquerdo. Estudos têm demonstrado
que existem três camadas diferentes pintadas antes da atual versão da pintura.
Mas apesar de qualquer tipo de imperfeições descobertas na pintura, esta obra
de arte renascentista é reverenciada em todo o mundo como uma das maiores
obras-primas de todos os tempos.
Muitos
historiadores da arte desconfiavam de que a reverência de Da Vinci por Mona
Lisa nada tinha a ver com sua maestria artística. Segundo muitos afirmavam
devia-se há algo muito mais profundo:
uma mensagem oculta nas camadas da pintura. Se observarem com calma, verão que a linha do horizonte que Da Vinci
pintou se encontra num nível visivelmente mais baixo que a da direita, o que
faz com que a Mona Lisa pareça maior se vista da esquerda do que da direita.
Historicamente, os conceitos de masculino e feminino estão ligados aos lados -
o esquerdo é o feminino, o direito é o masculino.
Visualização
da linha de horizonte de ambos os lados do quadro Mona Lisa.
Leonardo
Da Vinci um dos maiores gênios da humanidade que até hoje intriga os pesquisadores. Foi um alto iniciado, um
elevado mestre com acesso a conhecimentos secretos e essencialmente herméticos
intuindo sobre coisas que se situavam muito além de seu tempo. Porém, ele vivia
os tempos negros da Inquisição Católica, tempos perigosos para alguém como Da
Vinci, e justamente este episódio fez com que ele velasse certos fatos e
verdades sob forma de metáforas tanto em seus apontamentos denominados cadernos
quanto em suas pinturas. Uma obra bastante controversa a este respeito é a
famosa Santa Ceia no qual teria retratado a própria Maria Madalena, (esposa de
Jesus) ao seu lado na mesa, disfarçada como apóstolo João, porém é claro que há
controvérsias e esta versão não é aceita pela Igreja e pelos que a seguem. Alguns pesquisadores verificaram a semelhança
desta figura na Santa Ceia, com o retrato de Mona Lisa, ambas ruivas tendo seus
cabelos cacheados como os anjos de Da Vinci. Observando o quadro de Mona Lisa
observaram que sua pele, que ao longo dos anos adquiriu um amarelo pálido e
escuro, era a princípio muito alva, tom de pele com a qual as Madonas eram
retratadas. A sua suposta gravidez viria a corroborar a teoria de que ela fosse
de fato Maria Madalena, portando o filho de Jesus, ou o "SANGREAL" (SANTO GRAAL),
representando a Força Feminina Divina de Deus (Pai/Mãe). Apenas para ilustrar
esta teoria é sabido que na antiga mitologia egípcia, Amon era o companheiro de Ísis, cujo nome original na Antiguidade era "L’ISA". Dentro do conceito sagrado
da estrela de David, a união do feminino ao masculino, do cálice à espada, unindo
ambos os nomes teremos: AMONL’ISA, ou seja: A MONA LISA.
É
claro que todas estas teorias ficam a critério de cada leitor, porém o seguinte
questionamento vem a intrigar todos aqueles que estudam a obra de arte Mona Lisa de Da Vinci. Porque em sendo a
princípio apenas um retrato secular, não religioso, apenas mais uma encomenda,
da Vinci não se desfez do mesmo, retocando-a constantemente por 14 anos, até o
fim de sua vida, sem nunca entrega-la a quem a encomendou e sem nunca se
separar da mesma?
Provável
autorretrato de Leonardo Da Vinci, cerca de 1512 a 1515.
Detalhe
da Santa Ceia - 1494 – 1498 Leonardo da
Vinci.
The
Last Supper – Leonardo da Vinci – 1494 – 1498.
A
pintura se encontra hoje no Museu do Louvre (Paris – França), em uma sala
própria de clima controlado, atrás de uma caixa de vidro blindado, há 15 m de
distância de seus visitantes sob a constante vigilância de guardas. O quarto foi construído
exclusivamente para a pintura e custou o museu mais de sete milhões de dólares.
Local em que a obra ficava exposta no museu do Louvre antes da construção de um
ambiente somente para ela. Aqui em 1929.
Este
quadro é provavelmente o retrato mais famoso na história da arte, senão, um dos
quadros mais valiosos de todo o mundo. Poucos outros trabalhos de arte são tão
controversos, questionados, elogiados, reproduzidos ou tiveram tanta
repercussão no mundo da arte.
“Mona
Lisa, imagem culminante da poética de da Vinci.” — Pietro C. Marani
Que
o perfume das rosas os acompanhe em seus caminhos... muita luz!
Nas palavras desse grande gênio cujo legado encanta gerações:
ResponderExcluir"O objetivo mais alto do artista consiste em exprimir na fisionomia e nos movimentos do corpo as paixões da alma." - Leonardo Da Vinci
MUITO INTERESSANTE, MUITA RIQUEZA CULTURAL .
ResponderExcluirMonalisas invadem as ruas de Porto Alegre!! É #streetart #arteurbana - http://meucantonomundo.com/monalisas-de-mosaico-invadem-porto-alegre/
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