Chiara.
Ontem perdemos nossa melhor amiga, companheira fiel por quatorze anos, ela se foi, sucumbiu a doença que vinha lhe maltratando, foi ser luz no firmamento. Aqui uma singela homenagem ao melhor cão que já existiu.
Chiara.
Assim como o
nascer, o morrer é luta travada...
A morte
deixando um rastro de ausências, de vazios silenciosos..
Veio
devagar, quase imperceptível e foi tomando conta de você, embaçando o seu
olhar, apagando sua alegria, minando sua vitalidade, destruindo suas forças. No
final – só dor!
Tanta e tão
intensa que doía em nós, impotentes diante do seu olhar, de seu sofrimento.
Então hoje, você pôde partir, finalmente. Se foi com a mesma
dignidade e coragem com a qual você viveu. Assim como chegastes a nossa casa,
você se foi, um raio de luz, que durante muito tempo tudo iluminou e tornou
mais belo e agora que se foi, virou constelação.
Chiara
sendo banhada por sua melhor amiga, Vanessa com sua amiga Sol.
Chiara
Restam-nos as lembranças das horas felizes que se
multiplicavam a cada dia, dos passeios que você adorava e tão ansiosamente aguardava,
das ensolaradas tardes no atelier, você ao meu lado, ora deitada dormindo ao
som de alguma música suave, ora observando orelhas em pé o ir e vir de alguma
lagartixa ou o vagar de um inseto qualquer entre os raios de sol dourados do
entardecer. Ambas tão felizes em poder compartilhar momentos preciosos, envolvidas
pela arte e pelo verde jardim que você tanto amou.
Esperando
para passear
Dormindo no aconchego do atelier
Chiara
no atelier observando o jardim.
Chiara,
companhia constante ao meu lado no atelier.
Relembrarei com um sorriso no coração sua presença quando
íamos cozinhar e você surgia não sei de onde pedindo passagem, pleiteando um
lugarzinho somente seu, debaixo da mesinha de onde você me fitava tranquila e
feliz, prestando atenção a cada movimento meu, a cada detalhe culinário. Depois
de um tempinho, lá estava você adormecida, sonhando com os cheiros e aromas...
Chiara
pedindo para entrar na cozinha.
Chiara
sonhando.
Você que nunca foi ruidosa, que dominava a arte de pedir com
o olhar, implorando seus biscoitos de cereais ou os “bifinhos” da vovó.
Recordarei eternamente do som grave de seu latido que se fazia presente apenas
quando necessário ou então quando entravam micos e gatos alheios em nosso
jardim. Estes últimos, você ainda os tolerava, com uma ruga em sua testa, assim
como consentias os nossos gatos, mas os miquinhos, ah! Estes micos danados, lhe
tiravam a paz definitivamente...
Chiara
comendo um dos deliciosos “bifinhos” da
vovó, estrategicamente de costas para não correr o risco de ter de dividir.
Chiara
em posição ”apontar” escutando miados de gatos alheios.
Mico,
o “desassossego” de Chiara.
Chiara
estressada com os micos.
Sempre corajosa, temia somente as raras idas ao Veterinário
(que neste último mês foram tantas) e o som do “poderoso Zopf” sendo fabricado.
Massa
do“ Poderoso Zopf” fermentando, fase que Chiara temia.
Zopf
Bernês prontinho.
Evocarei seu sorriso canino toda vez que intuías que
andaríamos de carro porque era certeza de caminhadas por trilhas verdejantes e
passeios pela lagoa. Rememorarei suas traquinagens e pequenas bagunças não
obstante lembrarei sempre e também de sua inteligência, do seu porte elegante,
do seu caminhar, sempre ao meu lado ou esperando por mim. Você, que nunca me
falhou em nenhum único momento sequer, que seguiu firme e amorosa conosco por
entre perdas e dores, que não me abandonou nem por um minuto quando meu medo se
fez pânico, e que nunca, jamais me julgou.
Rabinho
abanando: vamos passear?
Devidamente
posicionada como copiloto.
Nosso
“Passeio Fibras” – Trilhas no parque do Cocó.
Sorriso
largo.
“Pit Stop” no riachinho da trilha
Inseparáveis
– Vanessa e Chiara.
Segundo
passeio predileto – lagoa.
Sorriso
ao chegar.
Vista da lagoa.
Abanando o rabinho para os Marrequinhos.
Saudando a Chiara.
Banquinho do descanso.
A espera de um sorvetinho!
(menos o da mamãe - de açaí)
Matutando
baguncinhas...
Fazendo
traquinagem no canteirinho da “mamãe”!
Fingindo
indiferença....
Ah,
este seu olhar...
Minha
doce Chiara.
Guardarei no meu coração por toda a eternidade seu olhar cor
de âmbar, o mais belo, profundo, amoroso e doce que já vi.
Chiara
Obrigado amiga minha, pelas alegrias, pelos risos que pude
dar, pela sua amizade, pelo seu amor incondicional, pela bondade ímpar, pela
fidelidade e por nos proteger, sempre, mesmo que fosse com sua vida.
Juntas sempre.
A morte é apenas passagem, uma curva mais acentuada em nossa
jornada de vida, e em algum lugar, algum dia, sei que nos reencontraremos,
todos nós.
Não lhe digo adeus, Chiara do meu coração, digo-lhe apenas,
até breve...
Chiara
já com mais idade.
Com todo meu amor, Dê.
Texto: Delia Corecco Steiner.