A História da Arte e
as representações do feminino - Parte II.
Hipólita, rainha das amazonas guerreiras - Mitologia grega.
Grécia:
Os artistas Cicládicos (2.500 – 1.100 a.C., arquipélago grego)
criaram uma forma completamente nova de representar o ídolo da fertilidade,
fugindo completamente dos padrões e variantes ligados à Vênus de Willensdorf. O
aspecto “magro”, com as delicadas nuançes de curvas, e as indicações suaves de
volume no abdômen, seios e joelhos, demonstram uma grande distância dos ídolos
mais antigos da fertilidade. Não se sabe por que a cultura cicládica promovia a
produção desse tipo de imagem, mas sabe-se que são as primeiras representações
do nu feminino em tamanho real (e isso no segundo milênio a. C.) conhecidas na
história da arte. Na verdade, seriam mesmo as únicas representações de nu
feminino em escala real durante muitos séculos, e não surpreende que tenha sido
nessas ilhas que começaram a surgir às imagens de Vênus para cultos religiosos,
como a Afrodite de Praxíteles.
Vênus - Cultura Cicládica - Era da grande mãe.
Figuras Femininas - Cultura Cicládica.
Afrodite de Cnido/versão conhecida como Afrodite Colonna - Praxíteles.
Museu Pio - Clementino.
Venus asleep - Giorgione - 1510 - oil on cavas.
A Vênus adormecida, de Giorgione, uma
variante tardia da Afrodite de Cnido.
Apollo and the nine Muses - (1514 - 1523) oil on wood - Baldassare Peruzzi.
A Grécia nos deixou um mundo povoado por mulheres sublimes e
homens perfeitos. O ideal de beleza na Grécia era caracterizado por medidas
harmônicas e proporcionais. O período helenístico (323 a.C - 146 a.C) nos traz a
Vênus de Milo, um símbolo do padrão grego. A harmonia de proporções era a
síntese da beleza ideal. Esse padrão de beleza da Grécia, de proporção e
harmonia onde o corpo era o reflexo da beleza divina, mantém-se por algum tempo
até a Idade Média.
Vênus de Milo - autor desconhecido - Obra atribuída a Alexandros de Antióquia.
Vênus de Milo - detalhe face - Alexandros de Antióquia.
Roma:
3 Graces - Rome - artist unkown.
79 AD
Pompeii, house of Titus Dentatus Panthera.
A arte romana sofreu duas grandes influências: a da arte
etrusca, popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da
grego-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza.
Head of Athena - Unkown artist - Rome - 160 - 150 B.C
Na Arte Romana,
a figura feminina nos é desvendada em afrescos pintados na Villa dos Mistérios, cidade de Pompéia. No ano de 79 a.C. o vulcão Vesúvio entrou em erupção,
soterrando Pompéia, antiga cidade do Império Romano, conservando sua cultura
material e fazendo surgir um dos principais centros arqueológicos e culturais
romanos. A arte de Pompéia guardou um caráter misterioso e particular por estar
ligada a uma série de rituais, aos quais só as mulheres tinham acesso, retratados em
seus afrescos.
Afresco da "Vila dos Mistérios"/Pompéia/mostra figura feminina sendo consolada após ter sido iniciada nos rituais do culto a Dionísio.
Retrato de mulher escrevendo - afresco cidade de Pompéia - Itália.
Os Retratos de Fayum (Fayyum, Faiyum ou Faium) são o termo moderno para um tipo de retrato
realista pintado sobre madeira (carvalho, cedro ou cipreste) em múmias egípcias
do Egito romano. Os retratos são inovações que datam da época da ocupação
Romana do Egito, e eram comuns desde o delta do Nilo até a Núbia. Estes retratos
derivam da arte greco-romana devido aos muitos Imigrantes romanos e gregos no
Egito Ptolemaico (305 a 30 a.C). Os retratos de fayum são as pinturas mais bem preservadas da Antiguidade.
Retrato Funerário romano-egípcio de uma mulher/ Fayum.
Fayum Portrait - artist unkown / 50 - 100 A.D
O fotógrafo John Berger escreve sobre os retratos de Fayum:
“Eu possuo um retrato apagado em meu bolso. Há um silêncio em
seu rosto. Ela clama ao vazio. Eles apelam para o nada, os rostos de Fayum, eles
não pedem nada. Eles nos olham e seu olhar nos diz: "Nós sabemos que
estamos vivos. E você está vivo, porque você está olhando para nós.” - John Berger
"I’ve got a portrait out my pocket. There’s a silence in her face. She appeals for nothing. They appeal for nothing, the Fayum faces, they ask for nothing. They look at us and their look says, "We know we are alive. And you are alive because you are looking at us." - John Berger.