Lápis Grafite:
A palavra grafite é derivada do verbo grego
"graphain", que significa escrever.
Na antiguidade clássica, tanto gregos quanto romanos já
utilizavam instrumentos parecidos com o lápis. Os helenos chamaram de
"paragraphos" e os romanos "praeductal" pequenas barrinhas
redondas de chumbo para traçar linhas, que teriam sido utilizadas também para
fazer anotações e desenhar. Até hoje em inglês o lápis grafite é chamado de
"lead pencil" que quer dizer "lápis de chumbo", provavelmente por causa
da influência da cultura greco-latina.
Barras de chumbo.
Grafite
Os antecessores diretos do moderno lápis surgiram no século
XII, com o chamado "lápis de prata", na realidade feito com uma mescla
de estanho e chumbo e que eram apreciados por artistas como Leonardo da Vinci,
Albrecht Dürer e Jan van Eyck.
Lápis de Prata (réplica).
Leonardo da Vinci, possible self - portrait, 1513.
Albrecht Dürer.
Jan Van Eyck
, possible self portrait.
c. 1513.
O grafite foi descoberto na Baviera por volta de 1400, não
lhe tendo sido dado na época o devido valor. Acreditava-se que era constituída
por chumbo, tamanha a semelhança das cores entre os materiais. Somente no
século XVIII, o químico alemão Carl Wilhelm Scheele provou ser o grafite um derivado
do carbono e não do chumbo.
Carl Wilhelm Scheele.
A história conta que no século XVI, pedaços de uma estranha
substância preta foram encontrados debaixo de uma encosta, um vale na região
dos lagos ao norte da Inglaterra, em Cumberland. Embora se parecesse com
carvão, a substância não queimava, e deixava uma marca brilhante, preta e fácil
de apagar. Se tratava de um filão de grafite puro. A coroa inglesa mandou então
abrir minas para se obter grafite como material de desenho. Estas minas
forneceram grafite a toda Europa, até se esgotarem as suas reservas no séc.
XIX.
Montagem de lápis em Keswick - Cumberland Pencil Museum.
Grafite Mineral
Por
conta da raridade do mineral criou-se a necessidade de misturá-lo. Inicialmente
as barras de grafite eram cortadas em pedaços e embrulhadas em cordões ou em
pele de ovelha. Depois, o grafite passou a ser encaixilhado e colado dentro de
pequenas ripas de madeira, cujo formato final era moldado manualmente.
Antigo lápis encontrado no Séc.XVII na Suábia (Schwabenland).
O mesmo lápis acima descrito,
apenas para mostrar o tamanho do mesmo.
Lápis grafite artísticos diversos (atuais).
Lápis grafite diversos (antigos).
Naquela época os artesãos de Nuremberg começaram a purificar
o grafite que se produzia nas regiões mineiras da Baviera. Os carpinteiros
dessa cidade foram os primeiros artesãos que em torno de 1660 estavam em
condições técnicas de produzir os engastes de madeira para os grafites que
recebiam dos cortadores de alvaiade (carbonato básico do chumbo).
Nürnberg 1493, Gravura.
MANUELLE BLEISTIFTHERSTELLUNG 17 JAHRHUNDERT/
FABRICAÇÃO MANUAL DE LÁPIS GRAFITE SÉC.XVII.
Lápis cortado ao meio exibindo carga de grafite.
Lápis grafite
A
partir de 1700 os fabricantes de lápis se livraram do monopólio dos
carpinteiros nesse setor artesanal, surgindo assim nomes de famílias como os
Staedtler e os Faber, cujas marcas de instrumentos de escrita e desenho
chegaram até nossos dias.
Árvore Genealógica Familia Staedler.
Fábrica Staedler. Em 1840 JS Staedtler já produzia
63 diferentes tipos de lápis.
Lápis Grafite marca Staedler antigos.
Leonhard Faber (1788 - 1839) - 3ª geração Faber.
Baú de apresentação de coleção, produtos Faber (1880).
Lothar von Faber
sempre valorizou a
apresentação de seus produtos e primava pela qualidade. Projetava lojas e
vitrines pessoalmente dando atenção aos mínimos detalhes, não poupando custo
nem esforço. Este baú que foi elaborado com várias incrustações em pedrarias e trabalhado em machetaria, apresentou uma de
suas coleções.
Nicholas Jacques Conté.
Em 1795, o químico francês Nicholas Jacques Conté desenvolveu
e patenteou o processo moderno de produção de lápis, misturando grafite em pó
com argila que, depois de moldados eram endurecidos em alta temperatura, o que
possibilitou o desenvolvimento de diversos graus de dureza do grafite. As
inovações que se seguiram estão mais ligadas à industrialização da produção de
lápis com a introdução de tornos e maquinários que aumentariam drasticamente a
velocidade da produção e melhorariam a exatidão da forma (tubular ou hexagonal)
e o acabamento.
Lead Pencil Manufacture.
Formas Tubular e Quadrado de manufatura Lápis Grafite.
A técnica chamada de desenho a grafite ou a lápis é a mais
elementar das artes gráficas. Seus recursos são ilimitados, permitindo, de
acordo com a habilidade e o domínio técnico do artista, alcançar resultados
notáveis através do uso de linhas variadas (traços e hachuras), manchas,
modulações de tons, recursos diversos (esfuminhos, borrachas).
Lápis Grafite e materiais para uso artísitco.
Aprender a desenhar é
aprender a representar graficamente, mediante uma cor ou várias, em duas
dimensões aquilo que o olho vê em três dimensões, isto é, representar em plano,
imagens com forma e volume. O desenho é a técnica básica de todas as artes
plásticas. Detrás de toda manifestação artística tal como a pintura, a
escultura, etc., vislumbra-se a realização de um desenho prévio, bem seja real
ou mental.
"O primeiro desenho foi uma simples linha traçada em
volta da sombra de um homem, projetada pelo sol contra uma parede". - Leonardo
Da Vinci.
Rosto de Donzela - Leonardo da Vinci.
Lothar Faber: Escala de Graduação.
A argila é um dos componentes responsáveis pela resistência
da mina de grafite. As partículas de grafite completam o volume e conferem o grau
de preto à mina (poder de cobertura). De acordo com a proporção argila/grafite
empregada na composição da massa, o lápis ganha características diferentes. É a
partir dessa proporção que se define a graduação (dureza) do lápis. Para
diferenciar os tipos de graduações, Lothar Faber criou, no século XVIII, uma
escala que se tornou um padrão internacional.
Lothar Von Faber.
As graduações padrão disponíveis incluem os seguintes tipos:
6H, 5H, 4H, 3H, 2H, H, F, HB, B, 2B, 3B, 4B, 5B e 6B. Quanto maior o número H
(referência à palavra inglesa HARD/duro), mais claro e mais duro é o traço. Por
outro lado, quanto maior o número B (referência à palavra inglesa BLACK/preto),
mais preto e macio será o traço. Também existem as graduações HB (HARD e
BLACK), e F (referência à palavra inglesa FINE/fino), que apresenta um traço fino e
resistente. Para a escrita em geral, são usadas as graduações semelhantes a 2B,
B e HB, mais conhecidas como nº1, nº 2 e 2½, respectivamente. Os lápis muito
macios são usados principalmente para escurecer e fazer preenchimentos. Os
lápis intermediários são indicados para sombreamentos, enquanto os lápis muito
duros são usados principalmente para o desenho técnico. Um bom meio-termo para o
uso cotidiano é os lápis HB, B e 2B, que apresentam boa resistência, traço
escuro e facilidade ao apagar.
Graduação Lothar Faber.
Graduação estilos.
Artistas historicamente importantes em seu legado de estudos
em desenho para pinturas posteriores e desenhos propriamente ditos:
Leonardo Da Vinci - Horse drawings.
Leonardo
da Vinci - Mestre renascentista que usava o desenho como instrumento para
compreender a realidade.
Study for the Head of Leda, c. 1505-7 Da Vinci.
Study of a Tuscan Landscape, c. 1473 Da Vinci.
The Vitruvian Man, c. 1490 Da Vinci.
Albrecht Dürer -
Mestre do desenho e gravura renascentista. Seu desenho teve especial
importância no desenvolvimento da ilustração através da gravura.
Albrecht Dürer – Praying
hands of apostle – c. 1508.
Albrecht Dürer - portrait of his mother 1514.
Albrecht Dürer - Auto
retrato feito aos treze anos com lápis de prata.
Albrecht Dürer - Melancholia - 1514.
Filippo Brunelleschi
- Arquiteto renascentista ao qual se atribui as regras para o desenho em
perspectiva com um ponto de fuga.
Perspective drawing for Church of Santo Spirito in Florence,
1428 .
Filippo Brunelleschi.
Rembrandt
- Mestre do desenho e gravura barrocas, conhecido por seus estudos de
claro-escuro.
Christ Crucified between the Two Thieves The Three Crosses - Rembrandt.
Rembrandt – Susanna.
Three Studies of an Elephant - Rembrandt.
Michelângelo
Buonarroti - Mestre renascentista cujo desenho expressivo não segue
necessariamente a harmonia do Renascimento.
Michelangelo - Crucifixion Srawing for Vittoria Colonna. c.1539.
Christ Purifying the Temple, c. 1555 - Michelangelo.
Madonna and Child - Michelangelo - c. 1525.
Dream of Human Life - 1533 - Michelangelo.
Ingres - O grande
mestre do desenho na França do século XIX.
Jean-Auguste-Dominique
Ingres, Double Portrait of Otto Magnus Stackelberg and Possibly Jackob Linckh,
1817.
M. C. Escher - Mestre
do desenho e da gravura cujo trabalho é baseado em questões de percepção visual
e do desenho na geometria.
Drawing Hands - Esher - 1948.
Castrovalva - 1930 - Esher.
Pablo Picasso - destacou-se em diversas áreas das artes
plásticas: pintura, escultura, artes gráficas e cerâmica. Foi um dos criadores
do "Cubismo", um dos maiores movimentos de arte do século XX.
Portrait of Olga - 1920 - Picasso.
Nu Couche - 1032 - Picasso.
Picasso drawing - War and Peace - 1952.
War and Peace - Picasso - 1946.
Van Gogh - Van Gogh é considerado um dos principais
representantes da pintura mundial. É reconhecido como precursor do
expressionismo.
Landscape - Van Gogh.
Van Gogh - drawing.
Van Gogh - Peasent Woman.
Franz Marc - pintor alemão foi um dos mais influentes
representantes do movimento expressionista na Alemanha.
Spielende Katzen - Franz Marc.
Horses - Franz Marc.
Elephant - Franz Marc - 1907.
Um fato marcante sobre o lápis é sua capacidade de escrever
até debaixo da água ou no espaço. Estamos em plena era digital, porém o lápis
não caiu em desuso, uma vez que este pequeno artefato de madeira e grafite se
mantém insubstituível ao longo de todos estes anos, por suas qualidades. Afinal
de contas, que outro instrumento de escrita pode se gabar de ser tão versátil?