19 de abr. de 2016

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Arte Gráfica Bruno Corecco.


"Quando eu disser artista me refiro aqueles que estão construindo alguma coisa ... alguns com um pincel – outros com uma pá – e há ainda os que escolhem uma caneta." ~ Jackson Pollock

“When I say artist I mean the one who is building things … some with a brush – come with a shovel – some choose a pen.” ~Jackson Pollock

"Wenn ich Künstler sagen will meine  ich denjenigen der Dinge baut ... einige mit einem Pinsel – andere kommen mit einer Schaufel –und noch andere wählen eine Feder" ~ Jackson Pollock

«Quand je dis artiste je veux dire celui qui construit des choses ... certaines avec une brosse – d’autres viennent avec une pelle. - Certains choisissent la plume" ~ Jackson Pollock

"Cuando digo artista quiero decir aquel que está construyendo cosas ... algunas de ellos con un pincel – otros vienen con una pala -. Algunos optan por una pluma" ~ Jackson Pollock


"Quando dico artista intendo colui che sta costruendo le cose ... un po 'con un pennello – altre sono dotati di una pala -. Alcuni scelgono una penna" ~ Jackson Pollock

18 de abr. de 2016

OS FABULOSOS VITRAIS DE MARC CHAGALL – ENTRE A POESIA E A SINGELEZA, A ESPONTANEIDADE DO SONHAR A PINTURA FEITA DE LUZ. – PARTE 1.




Joseph's Tribe - Marc Chagall.


               “Stained Glass art is painting in light”  
           - Marc Chagall


         Os três vitrais concebidos por Marc Chagall para a Catedral de Reims.

"Em nossa vida há uma única cor, como na paleta de um artista, que fornece o sentido da vida e da arte. É a cor do amor." - Chagall.


      Vitral Cathedral Reims – Marc Chagall



“In our life there is a single colour, as on an artist’s palette, which provides the meaning of life and art. It is the colour of love.” – Chagall.


Marc Chagall examinando seus estudos de              cor para vitrais.


Chagall Stain Glass artwork. 



Chagall Stain Glass artwork.



Marc Chagall criou seu próprio mundo colorido de mitos e magia, repleto de estranhas criaturas e eventos miraculosos. Ainda assim, sua arte se baseou essencialmente em memórias e experiências reais, metamorfoseadas por ele a partir de suas lembranças e impregnadas de imaginação. Um homem quase que inteiramente absorvido por suas memórias, suas criações e sua vida familiar, destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revoluções e a passar por fugas e pelo exílio. Consequentemente, em qualquer relato sobre Chagall, a arte, a origem judaica e a autobiografia estão intimamente interligadas. Suas obras atestam a sua profunda religiosidade e uma sensibilidade para com as questões humanitárias, as  alegrias, tristezas e aspirações daqueles que se encontram de alguma forma no caminho da fé.


Marc Chagall – Moscow - 1920.



Jeremiah by Marc Chagall, Union Church of Pocantico Hills, New York.



Chagall Stain Glass                                                               artwork.


Marc, Bella and Ida in Paris – Chagall’s family.


Chagall Fenster in St. Stefanskirche in Mainz, Deutschland.



De acordo com o historiador de arte Michael J. Lewis, Marc Chagall foi considerado "o último sobrevivente da primeira geração de modernistas europeus" e é respeitado como um dos artistas judeus mais proeminentes do mundo. Foi um artista completo, de alma sempre inquieta valendo-se dos mais diversos meios artísticos como a pintura, a ilustração, a cerâmica, o mosaico, os vitrais e até mesmo a tapeçaria para dar vazão a tudo aquilo que habitava sua mente e sua alma, se tornando assim  um dos maiores nomes mundiais da arte contemporânea. Entre as suas muitas obras de arte podemos destacar os vários vitrais criados por ele para inúmeras catedrais mundo afora.


Stained glass window by Marc Chagall at                                         Union Church of Pocantico Hills.


Joel by Marc Chagall, Union Church of Pocantico Hills, New York.


Marc Chagall - 1963/66, stained glass window with crucifixion. Union Church of Pocantico Hills.



Em 1952, Chagall começaria a se interessar por este novo modo de expressão artística, ele escreve: “O mundo em que vivo é fechado, abrir uma janela satisfaz o requisito a mais liberdade. O vidro nos faz ver o mundo a partir de dentro, revelando-se a nós através da luz.”


Window in the Church of St. Stephan, Mainz,                         Germany, by Marc Chagall.


Este meio artístico permitiu-lhe expressar seu desejo de criar cores intensas e viçosas, utilizando-se da luz natural e da refração interagindo entre si em constante mudança. Tudo, desde a posição de onde o espectador se encontra até o tempo lá fora iriam alterar o efeito visual fazendo dele algo breve, raro. Não haveria um momento igual ao outro ao se observar os vitrais que ele viria criar e isto o fascinava enquanto artista.

Observem a seguir o mesmo vitral “La Paix” em quatro momentos diferentes:


Chapelle des Cordeliers Sarrebourg – Vitraux Marc Chagall.



Chapelle des Cordeliers Sarrebourg – Vitraux Marc Chagall.



Chapelle des Cordeliers Sarrebourg – Vitraux Marc Chagall.
  

Chapelle des Cordeliers Sarrebourg –                                Vitraux Marc Chagall.




                      JERUSALEM WINDOWS

Ao aceitar criar os doze vitrais representando a s doze tribos de Israel, para a sinagoga do Hadassah Medical Center encomendados a ele em 1958 pela então presidente do centro, Myriam Freund e pelo arquiteto Joseph Neufeld, Chagall teria exclamado: “Eu senti como se meu pai e minha mãe estivessem a me observar por cima dos meus ombros e atrás deles  os judeus. Os milhões que sumiram ontem e há mil anos atrás.” (I felt my father and my mother were looking over my shoulder, and behind them were Jews, millions of other vanished Jews of yesterday and a thousand years ago.)



Chagall - Windows-Hadassah - Jerusalem.


                           Miriam Freund-Rosenthal


Entre 1960 e 1961 criou os magníficos e mundialmente famosos vitrais que foram instalados na sinagoga do novo Centro Médico da Universidade Hebraica Hadassah, Jerusalém – Israel, medindo aproximadamente 3,35 m de altura por 2,40m de largura. Estes vitrais são considerados por muitos como uma das maiores realizações de Chagall na arte vitral.


Synagogue of the Hadassah - Hebrew                                       University Medical Center.


Maquetes dos vitrais das 12 tribos de Israel - Hadassah Medical Center/ Marc Chagall.


Estas obras primas em vidro são uma verdadeira alquimia cromática. Os vitrais em quatro tonalidades dominantes; azul, vermelho, amarelo e verde, se destacam nos muros da sinagoga. Para que a luz passasse pelos vidros como se fosse uma suave canção atingindo um grau de fascinação multicor Chagall procurou se utilizar de inovações tecnológicas que dariam mais leveza ao resultado final.


Hadassah Medical Center, Jerusalem, Chagall Windows.


Chagal’s Jerusalem Windows - Hadassah Medical Center.



Marc Chagall's stained                                                           glass windows at Hadassah Hospital.



Na parede norte da sinagoga estão retratadas as tribos de Reuben (azul claro), Shimon (azul escuro) e a tribo de Leví (amarelo claro).


Vitral Tribo Reuben


Vitral Tribo Shimon – (Simeon).


Vitral Tribo Leví.


Na parede oeste podemos apreciar os vitrais representando as tribos de Yehuda (vermelho granada), Zevulun (vermelho vivo) e lssa'har (em verde claro).


                     Vitral Tribo Yehuda/ Juda.



Vitral Tribo Zevulun.


                           Vitral Tribo Issa’har.



No muro leste da sinagoga veremos os vitrais retratando as tribos de Dan (azul), Gad (verde escuro) e Asher (em verde claro).


Vitral Tribo Dan.


Vitral Tribo Gad.                                               


Vitral tribo Asher.


E por final o muro sul exibe os vitrais que correspondem as tribos de Naphtali (Amarelo limão), Yossef (amarelo ouro) e Benjamim (azul).

                              Vitral Tribo Naphtali.



Vitral Tribo Yossef.                                 


    Vitral tribo Benjamim.


Como podemos observar cada janela de vidro exibe uma cor diferente, representando os microcosmos do mundo característico e maravilhoso de Marc Chagall, onde, entre a realidade e imaginação, vislumbra-se seu profundo sentimento de identificação com a história e a cultura do povo judeu. Inspirado pelas Sagradas Escrituras, ali se encontram retratados entre símbolos e figuras imaginativas de flores e animais, os doze filhos de Jacó e as doze tribos de Israel. Uma técnica especial utilizada pelo artista, na aplicação da cor permitiu-lhe a utilização de três cores diferentes em cada laje, sem exigir a separação pelo chumbo tornando o trabalho mais etéreo. Concluídos em 1961, os impressionantes vitrais já haviam sido expostos em Paris e, em seguida, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, antes de serem instalados permanentemente em Jerusalém, em fevereiro de 1962. 


Marc Chagal trabalhando em um dos vitrais da sinagoga do Hadassah Medical Center – Jerusalém.



     Sinagoga do Hadassah Medical Center – Vista de fora.


Depois do grande sucesso de suas “janelas de Jerusalém”, Marc Chagall recebeu muitas encomendas para decorar igrejas e sinagogas em toda a Europa, EUA e Israel. "Este é o meu modesto presente para o povo judeu que sempre sonhou e acreditou no amor bíblico, na amizade e na paz entre todos os povos. Esta é a minha oferenda para as pessoas que aqui vivem há milhares de anos e assim continuarão vivendo entre os outros povos semitas." (Marc Chagall, 06 de fevereiro de 1962).


Vista interna Sinagoga do Hadassah Medical Center.



     IGREJA FAUMÜNSTER /– FRAUMÜNSTER            FENSTER (CHURCH OF OUR LADY).

Também podemos admirar os vitrais criados por Marc Chagall para a igreja de Fraumünster, que ainda possui outros vitrais feitos pelo artista suíço, Augusto Giacometti. A Fraumünster é um dos principais pontos turísticos da cidade de Zurique sendo a principal igreja da mesma. Essa igreja teve um importante papel durante a Reforma Protestante, empreendida na Suíça por Ulrich Zwingli. As pinturas de seus vitrais para a Igreja de Fraumünster irradiam cores inigualáveis e de intensidade penetrante que nos remetem as áreas mais profundas de nossas almas. Seus desenhos são ao mesmo tempo lúdicos e sérios e testemunham uma experiência religiosa profunda reproduzindo a mensagem bíblica em toda a sua experiência sensitiva.


          


David Zion Fenster –                                                                   Fraumünster wird von Marc Chagall bemalt.


Church of Our Lady (Fraumünster).


Giacometti Fenster/ Vitral de Augusto Giacometti.



Three of the magnificent Chagall windows at the Fraumüster, Zürich/ Schweiz.


O coro românico da abadia data de 1250 e é extremamente alto (18 m), possui um design belíssimo dentro de sua simplicidade o que por si só já o faria digno de ser apreciado, porém ainda inclui cinco grandes vitrais desenhados pelo artista Marc Chagall instalados em 1970.
Nesta belíssima obra nos salta aos olhos uma particularidade, a da clara e estudada divisão de cores. Enquanto que as cores primárias, azul, amarelo e vermelho são por Chagall utilizadas nas janelas laterais, a cor secundária verde, mistura das duas primárias, azul e amarelo, determina a cor de fundo da janela central. Além da aparência harmônica entre as cores, Chagall faz chegar ao espectador todo o conteúdo da história da salvação cristã: Desde a origem absoluta da criação, mencionando ainda os judeus patriarcas, os profetas, os reis, a paixão e ressurreição de Jesus Cristo para um novo mundo de Deus onde cada vitral possuirá sua cor dominante. 


           Coro românico da abadia de Fraumünster com os vitrais de Chagall.


O vitral vermelho sangue, chamado de “Propheten Fenster” que fica na parede norte á esquerda, retrata  em sua parte inferior o profeta Eliseu, observando a Ascensão do profeta Elias em uma carruagem de fogo aos céus. Acima imerso em um profundo azul celestial encontra-se sentado o profeta Jeremias.






































                                                 


Das três janelas principais a da esquerda, intitulada “Jakobs Fenster”, representa a luta do patriarca com o anjo e seu sonho de uma escada para o céu.














































































Cristo, ilustrando várias cenas de sua vida. A janela central "Christus Fenster" em última análise mostra José, de pé ao lado de uma grande árvore - a árvore da vida, da família e do Salvador. Em seus galhos mais altos vislumbramos Maria segurando o menino Jesus, o Cordeiro de Deus paira a seus pés. Cenas da vida de Jesus e parábolas culminam em uma representação associativa da crucificação, uma cruz é quase visível, e Cristo paira já isento do mundo em direção a uma fonte luminosa acima dele.








O vitral à direita em cores amarelas chamado de “Zion Fenster” nos revela um anjo a tocar a trombeta anunciando o início da eternidade e a descida da Nova Jerusalém dos céus, no plano logo abaixo dele observamos um reluzente Rei Davi e sua Batsheva (Betsabá).












































































Na parede sul observamos o vitral “Gesetzes Fenster” retrata Moisés observando a desobediência e o sofrimento de seu povo, o qual está a seguir um cavaleiro em direção à guerra. Abaixo Isaías pode ser visto nos braços de um anjo enquanto se prepara para anunciar a sua mensagem de paz para o mundo.



































































A história que se conta sobre os vitrais de Chagall  para a abadia de Fraumünster é no mínimo curiosa. Diz-se que o pastor da Igreja nos anos 60 tencionava decorar a mesma com novos vitrais. Então aconteceram vários debates com a comunidade até que o pastor visitou uma exposição de Chagall no Kunsthaus em Zurique. Ele amou o trabalho do artista e escreveu uma carta para o mesmo, que só foi respondida seis meses depois, sem nenhuma afirmação. Chagall queria antes visitar a igreja e quando a visitou pela primeira vez em 12 de setembro de 1967, deu início a um clima de tensão e expectativa entre os anfitriões, pois não lhes disse uma só palavra e foi embora. Na verdade havia ficado chocado com a altura e a estreiteza dos vitrais a serem por ele confeccionados, mas nunca dividiria estes seus dilemas com alguém que não fosse também artista, segundo ele, não compreenderiam. E acabaram sendo  justamente estas proporções desmedidas que evocariam de sua alma uma engenhosa composição de vitrais para a Igreja .



    Kunsthaus Zürich.
                                     


                                                     Estudo de Chagall para os Vitrais da Fraumünster.


Altura e estreiteza dos vitrais de                                                                  Chagall na Igreja de Fraumünster.


Desapareceu por mais seis meses e quando reapareceu informou a todos que as maquetes e esboços dos vitrais estavam prontos. O pastor e a comunidade da igreja ficaram preocupados porque não houve nenhuma negociação sobre preço e quando o indagaram sobre o mesmo, Chagall lhes informou apenas que antes de lhes dizer uma quantia, eles deveriam primeiro ver os vitrais! Quando eles viram os esboços e maquetes dos vitrais, Chagall perguntou a eles quanto achavam que valia o seu trabalho. Dizer um preço muito alto seria um prejuízo enquanto que um preço muito baixo seria uma ofensa às obras de Chagall. Então se reuniram e ofereceram 150.000 Francos. De fato era um valor simbólico, tendo em vista o grande artista que os criou, mas Chagall aceitou o valor prontamente. Ainda assim, a igreja não tinha todo esse dinheiro e após muita controvérsia, dois doadores anônimos da cidade pagaram pelos vitrais. Tudo o que se sabe sobre eles é que os mecenas são um casal que ficou rico no setor da construção civil e permanecerão anônimos até o momento de sua morte. 


Marc Chagall e Senhora Marq (mestre vitral) trabalhando em um dos vitrais da Igreja de Fraumünster.


Stained Glass Fraumünster by Marc Chagall.

















Vitrais por Marc Chagall – Fraumünster –       Zürich.


Fraumünster Innen Ansicht.


Como pintor, poeta e sonhador, Chagall tornou-se através de suas obras o incentivador das crenças judaico cristãs, e quiçá indo além delas, levantando o invisível véu das inúmeras dimensões e eternizando-as em forma de arte.


Marc Chagall.

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